sábado, 19 de abril de 2008

Olfato.


" Parece que fuera antes de ayer..."


Uma vez, uma pessoa muito especial que fez parte de um momento da minha vida, estava me ensinado sobre as estrelas. Paramos em um lugar, deitamos um ao lado do outro, ficamos olhando para cima e enquanto ouvia sobre as três marias, sobre os nomes de cada constelação e o que cada uma provocava na vida dos seres vivos aqui na terra, meu pensamento ia mais longe do qualquer uma delas em qualquer lugar.

Ouvia tudo, mas não me lembro de nenhuma palavra. Me lembro da situação. Me lembro das roupas. Me lembro da cores. Me lembro da temperatura. Me lembro dos olhos que me pediam ajuda a cada vez que olhavam dentro dos meus. Me lembro do cheiro daquele momento. Cheiro de erva-doce.

Não sei por que, naquela época nem creme, nem sabonete nem nada de erva-doce eu usava. Nem a pessoa. Mas eu senti esse cheiro. E ele ficou sendo exatamente o cheiro daquele momento. E o cheiro daquela situação que foi se desenrolando com o passar do tempo. Parece coisa de maluco, mas depois daquele dia, só senti esse cheiro duas vezes.

Mas voltando às estrelas, o discurso alongou-se madrugada a dentro. E das estrelas passou para o horizonte. E do horizonte passou para a vida. E da vida passou para o passado. E do passado passou a ser uma história. Linda.

Passamos pela vida de cada um, de uma forma tão misteriosa, intensa e abrupta que nem sei. Passou. Passei. Passamos.

Engraçado como algumas coisas ficam muito mais do que outras. E o que fica é sempre quase que inexplicável. Para mim, de tudo o que se viveu ficou o cheiro. Cheiro que eu nunca mais senti além dessas três vezes. E quem explica que de uns tempos para cá, mesmo não estando mais deitados um ao lado do outro, eu esteja sentindo esse cheiro nas horas mais loucas do meu dia, extremamente distantes daquela situação...

Eu não sei o que está acontecendo, se há tristeza, se há alegria, se há dor, se há glória, se há desespero, se há calma. Não sei o que é. Sei lá.

Só sei que o cheiro de erva-doce está mais presente do que nunca. E isso é incontestável, instigante. Inexplicável.




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