sexta-feira, 30 de maio de 2008

Fulaninho Best-friend (Danielle Amorim)

"Quando a gente conversa, contando casos, besteiras..."



Hoje a dose vem diretamente da Nordestiníssima Dani, que além de surtar na lucidez, é minha companheira de burrices femininas.

Concordo com a Dani quando ela diz, que essa história tem um lado que pode sim, ser vantajoso e massacrante.
Eu diria que oscila entre momentos vantajosos e momentos massacrantes.
Até que você defina o que sinceramente sente.
Até que ele defina o que sinceramente sente.
Até que os dois definam o que sentem. No plural.
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Sobre ele ser amigo dela sem ser seu cabelereiro...
“Me cansé de sertu hermano mayortu mejor amigotu socio, tu confesorMe cansé de serexperto en el amorque sentías por otrosotros que no eran yo”(Jarabe de Palo)

Falar (sofrer) sobre amizade ele-ela é algo do inconsciente coletivo, geralmente acompanhado da frase: “amigo de mulher é cabeleireiro”. E como essa, outras frases são diariamente criadas para tentar generalizar o que pode verdadeiramente ocorrer entre um contato muito próximo entre um homem e uma mulher. A última que ouvi –e uma das cômicas- foi que “amizade entre homem e mulher ou dá em briga ou em bucho”.Até onde a amizade simples e pura pode ir? E aqueles malditos contatos físicos despretenciosos? Por que arriscar mais com aquela pessoa que conhecemos há pouco mais de dois dias do que com aquele que sempre esteve ao nosso lado, fazendo nossas vontades ou nos dando o máximo do respeito?Ah, os tais contatos físicos... você nunca pensou em ter nada com aquele amiguinho. Ele é quem a entende, ouve suas choradeiras e é responsável pela sua rápida recuperação. Por vezes, para cair nos braços de outro. E nem sempre era isso que o seu fiel escudeiro gostaria que acontecesse. Mas ele vê isso acontecer calado, porque o que mais lhe importa é que você, doce amiguinha, esteja bem, mesmo que de mãos dadas com outro. Mas ai... “vamos ver filme?” (não sei qual o poder da película sobre nossos hormônios, mas de repente o fato de um braço encostar no outro pode causar faíscas... ou a impressão de que o ombro alheio é melhor que aquele travesseiro/poltrona torna-se cada vez mais nítida). Ou então o “ai, tô com os pés cansados” (sugerindo que o outro lhe faça uma massagem) pode ter efeito fatalmente devastador.Carência? Oportunidade? Ou enfim coragem para baixar a guarda e perceber que quem está ao nosso ladinho pode ser uma boa idéia?Algumas vezes nem somos tão inocentes. Até falamos pros outros: “fui pega de surpresa, sempre o vi como amigo!”, mas na verdade sempre soubemos que o fulaninho-best-friend era ansioso por uma pequena oportunidade a ser dada por nós. Aquelas ligações para saber como estamos ou a ciumeira em relação aos nossos novos affairs não era tão somente zelo... era uma vontade de cuidar do outro de outra forma, às vezes declarada, outras negadas pelo próprio ciumento. E quem recebe essa devoção? Pode ser mais simples fazer aquela “cara de quarta-feira à tarde”, e seguir desfrutando da excelente companhia ( e quarta-feira à tarde tem cara de quê? Ai eu te pergunto!!! Cara de quê, pela mãe do guarda! Cara de algo tão sem descrição como a que fazemos quando percebemos um carinhozinho a mais pelo amigo e não sabemos o que de fato deve ser retribuído...)E sobre a tal ansiedade... um belo dia você resolveu “desistir de resistir” . E agora? Será uma ficadinha casual? Amanhã se encontram e se cumprimentam com dois fatídicos beijinhos na bochecha (que na verdade são no ar!)? Continuam falando dos casinhos que cada um tem? Você vai conseguir mentir pra ele? Lembre-se que ele sabe que aquele cara da academia “véve” dando em cima de você e que você já confessou não ter mais tantas forças para resistir... Falo aqui de amigos que são realmente próximos, que sabem de boa parcela da vida do outro (como sempre digo: “tudo não, porque tudo é muita coisa"). Surge o medo por se sentir incapaz de magoar o outro, por saber como seu agora-parzinho vai reagir com determinadas situações de relacionamento, e por haver uma inevitável expectativa (do casal-amigo e dos outros que sempre disseram:”esses dois, esses dois...”). E se não der certo? “Não quero perder a amizade dessa pessoa tão especial”- bradamos.O que tenho percebido é que amizades têm prazo de validade, ou atividade cíclica, como doenças que alternam entre remissão e exacerbação... Num determinado momento da vida pode ter certeza que o contato não seria/será o mesmo. O beneficio da dúvida (“será que ia dar certo?”) pode ser vantajoso. Ou massacrante.
*** Jarabe de Palo tem esse tema recorrente em suas composições. Não deve deixar escapar uma amiguinha mais ajeitadinha do seu abatedouro... Vide “Menos que un amor, más que un amigo” e “Água