domingo, 23 de agosto de 2009

Sobre ilhas.

Mas de tudo isso, fico imaginando o que o futuro me trará.
Será que esse inferno astral antecipado, essa vontade louca de jogar tudo pro alto, de sair por aí procurando algo que me norteie, que me dê rumo, que me faça querer sonhar novamente de alguma forma estão contribuindo para que eu aprenda tudo o que será necessário para a próxima etapa da minha vida?
Eu tenho medos. De barata, da dor, da solidão. Das dos outros e de mim mesma, e quando a gente tem medo fica paralisado, fragilizado. E eu sou frágil. Frágil até demais.
As vezes me perguto também se tudo o que acontece vale a pena. Vale a pena trabalhar em um lugar onde eu procuro algo para fazer o dia todo sem sucesso? Vale a pena se deprimir por conta de receber salários atrasados e ainda ter de engolir todos os pensamentos que se passam na cabeça nos momentos de desespero quando você escuta o que não merece e ouve o que não quer? Vale a pena? A troco de que eu estou me entristecendo? A troco de que estou me deprimindo? A troco de que?
Eu ultimamente estou perdendo muito mais do que ganhando. Perdendo forças, perdendo o brilho, perdendo a gana, a vontade de fazer melhor.
E quando a gente começa a perder isso, todo o resto se perde numa imensidão sem fim.
Também tenho medo da solidão dos outros. Da solidão de uma das únicas pessoas que realmente importam. Tenho medo dele não aguentar o fardo, de o meu fardo ser muito pesado e de uma hora para a outra querer se livrar de toda essa história e procurar uma melhor, mais afável onde as tardes de sol a pino sejam mais presentes do que as de chuva e tempestade.
O perigo mora quando em meio de uma tempestade de coisas ruins você encontra um porto seguro, aquela ilha pequenininha, lá longe, onde você pode atracar o seu barco e se sentir protegido por alguns instantes. É que ficar por lá é tão bom, que você não quer sair mais de perto. E com essa calmaria momentânea se esquece de perguntar se tem lugar para você, se você pode ficar por lá, se agarrar na terra e dizer " não quero sair nunca mais".
E se na ilha não houver lugar suficiente? E se por algum momento ela queira crescer, queira mudar, queira buscar novos espaços, novos caminhos, novos portos onde por ventura você não caiba?
Você imagina: "Vou junto!" e de repente também pensa "Não posso ir, as vezes em um lugar tão longe não aja espaço suficiente" e depois constata de que o melhor a fazer é deixar o seu porto seguro ir, porque não é justo. Para os dois.
Desculpem o devaneio momentâneo, mas é que as vezes eu preciso escrever para pensar. Escrever para não morrer por dentro, não sufocar ainda mais a angústia presente dentro de mim. E ultimamente a única coisa que tem me restado é o pensamento, já que a realidade não está sendo tão bonita de se ver.
Caio Fernando Abreu, um dia disse que "... o futuro trará, ele sempre traz, e então não repetir nenhum comportamento. Ser novo."
Espero que o meu venha depressa.
E que me a minha ilha ainda esteja disposta a me levar para qualquer lugar que ela pense em chegar.
Sempre.

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